Eis que o debut do
RATTLE chega ao mercado via Shinigami Records. Vencedor da promoção que
envolvia as bandas que participaram da coletânea Hellstouch, lançada em 2012
pela gravadora, por meio de voto popular, o que lhe deu o direito a gravar um
full lenght, o grupo soube aproveitar a oportunidade, Praticando um death metal
com uma forte influência do thrash metal dos anos 80 e 90, aliando peso e
brutalidade, bateria e baixo na escola mais direta e um tanto quanto reta,
vocais guturais e letras que se encaixam no contexto do título do álbum, a
banda acerta a mão e presenteia os apreciadores do metal da morte com um grande
trabalho.
O grupo baiano, composto por Val Oliveira (vocal), Henrique Coqueiro
(guitarra), Daniel Iannini (baixo) e Eric Dias (bateria), lança TALES OF THE
DARK CULT, que foi produzido por Marcos Franco e possui uma sonoridade bastante
peculiar e de acordo com a proposta que sua sonoridade necessita. Guitarras
carregadas de fúria e bem timbradas, cruas e ditando o rumo das composições. E
a arte gráfica, principalmente a capa, ficou muito legal, lembrando as velhas HQ's
de horror que fizeram, e ainda fazem, a alegria de muitos. O trabalho contou
com algumas participações especiais. Anton Naberius (Eternal Sacrifice), Lord
Vlad (Malefactor) e Julio "Nikkury" Cesar (Metropolis/The Endless
Fall) trouxeram suas contribuições ao trabalho.
The Embodiment of Evil, abre o trabalho e traz uma narração do mestre do
horror Zé do Caixão que dá um toque de classe á faixa. Classe no sentido de
horror, é claro. Veloz, densa e com um instrumental bem trabalhado e pesado, a
música já entrega as características do som do grupo, num mix entre o death e o
thrash. The End inicia pesada, com riffs típicos do thrash americano e que se
diferencia pelo vocal mais gutural de Val Oliveira. A terceira faixa, Semper
Fi, já tem uma pegada com riffs death metal, mas com passagens que nos remetem
aos grandes nomes do thrash alemão. E isso acaba sendo um dos grandes
diferenciais da banda, pois consegue passar essa versatilidade sem soar
embolado ou desconexo. The Call of Duty também se destaca. Vocal urrado e
pegada forte nas guitarras, aliados a um solo cheio de veneno, fazem da faixa
um dos grandes destaques do trabalho! Destaque também para o entrosamento do
baixo/bateria, onde Daniel Iannini e Eric Dias mostram boa técnica. Operation:
Exterminate inicia com os dois pés na porta, imprimindo velocidade. Um solo na
medida, mostra que Henrique Coqueiro sabe dosar bem suas influências entre os
dois estilos.
Whispers é uma faixa bastante direta. Pesada e veloz, talvez seja a
faixa mais death metal do trabalho. Last Standing Man volta a trazer uma pegada
mais thrash, com riffs dessa escola. Os vocais de Val Oliveira merecem
destaque, pois mostram variações interessantes. Mais um belo solo bem old
school. Na seqüência, Pay to Enter, Pray to Exit, na minha opinião, a melhor
faixa do cd. Como esquecer, ao ler esse título, do filme "Pague para
entrar, Reze para sair"? Com guitarras que mostram uma influência de metal
tradicional, e com uma pegada, porque não dizer, rock n' roll, a faixa mostra
que o grupo, além da capacidade técnica, possui uma variedade nas composições.
Refrão "fácil" e solo bem estruturado dão á faixa uma cara diferente.
Hell of The Living Dead inicia com uma narração, seguida de um riff acelerado.
Com passagens mais cadenciadas e alternando com outras mais rápidas, a faixa
mantém a boa seqüência do álbum. InSomnia: The Sleep of Reason Produces
Monsters é instrumental e antecede o final com a longa The Dark Cult. Com
grande variação na sua execução, onde o peso do baixo e bateria se destacam, a
música mostra que o grupo tem grande futuro.
O RATTLE mostra em debut que sabe dosar corretamente suas influências
que vão do thrash ao death metal. E que não se restringe somente á elas, pois
podemos perceber ecos de metal tradicional em sua sonoridade. Um álbum de
estréia que dá indícios de grande futuro. Que os próximos lançamentos venham a
confirmar essa expectativa!
Sergiomar Menezes (Rebel Rock)