por Walker Marques (Warriors Of The Metal e Roadie Metal)
8,0/10
8,0/10
Que terra do Carnaval, que nada! A
primeira cidade do país também é terra de Metal – e dos pesados! Engrossando
uma lista que já conta com bandas como Headhunter D.C. e Cruzadas, Salvador
(BA) definitivamente ganha mais um feroz representante que se mostra mortífero
como uma cascavel a chacoalhar seu guizo – e seu nome tem tudo a ver com tal
particularidade da mencionada espécie reptiliana: RATTLE!
Após apresentar um EP (“Hell of The Living
Dead”, 2009) e uma split (“Pain Is Inevitable”, 2011, ao lado de Hell’s Thrash
Horsemen) como aperitivos, a banda fundada em meados de 2009 enfim expôs seu
primeiro álbum de estúdio em agosto de 2015. Lançado através da Shinigami
Records, seu título é “Tales of The Dark Cult”. O nome, assim como a capa,
podem levar os desavisados a entenderem que se trata de uma banda de
Heavy/Power Metal… No entanto, trata-se de um pegado e extremo Death/Thrash
Metal com pitadas de Heavy Metal tradicional capaz de agradar àqueles que
gostam de ver uma mistura coerente entre ambos os gêneros.
São 56 minutos totais de esmagamento
praticamente sem trégua. Muito bem produzido por Marcos Franco no Revolusom
Studios, o trabalho apresenta musicalidade tremenda e obscura que enfatiza o
peso dos instrumentos, valorizando o cavernoso vocal gutural de Valmar
Oliveira. Intensidade e turbulência são marcas características que geram
mortais músicas de ritmo acelerado, por vezes até difíceis de compreender.
Poucos são os momentos mais amenos.
Geralmente, eles se resumem a introduções narrativas e atmosféricas extraídas
de filmes e coisas do gênero, como já na faixa de abertura “The Embodiment of
Evil”, “Pay To Enter, Pray To Exit”, “Hell of The Living Dead” ou a marcha de
guerra em “Semper Fi”. O orquestrado e fantasmagórico interlúdio “Insomnia: The
Sleep of Reason Produces Monsters” também pode ser levado em consideração, já
que é composto à base de piano e violino. Contudo, logo esses momentos
complementares se convertem em caos e porradaria.
Dando vida a horripilantes letras sobre
morte, guerras, mortos-vivos e apocalipse, a musicalidade apresenta beleza
extrema. É muito bonito ver como a violência do Death Metal se mescla naturalmente
com as “riffeiras” do Thrash Metal, enriquecendo-as, e por vezes até dando
flashes de algo mais melódico. E de nada adiantaria todo o ótimo trabalho nas
quatro e nas seis cordas se a bateria de Eric Dias não transmitisse a mesma
explosão de energia. Sua performance se mostrou imprescindível. Bateria vívida,
agressiva, apaixonada!
Henrique Coqueiro faz questão de
introduzir refinada técnica nos solos de guitarra, presentes em quase todas as
faixas. Eles podem não ser muito longos, mas são sempre velozes, técnicos e
avassaladores. A unificação de músicas potentes, bateria arregaçante,
diabólicos guturais e precisos solos de guitarra certamente desembocou num
resultado forte e positivo.
Participações especiais também deixam suas
marcas no disco soteropolitano: Anton Naberius (Eternal Sacrifice) empresta sua
voz em “Call of Duty” e “Operation: Exterminate!”; Lord Vlad (Malefactor)
também contribui vocalmente em “The Dark Cult”; e Júlio “Nikkury” César aparece
em “Hell of The Living Dead”, demonstrando união entre as bandas baianas.
Todas as músicas foram compostas por
Henrique Coqueiro com o auxílio dos demais membros da banda, exceto por
“Insomnia: The Sleep of Reason Produces Monsters”, que ficou a cargo do
baixista Daniel Iannini e Vítor Morais. Já as letras são assinadas
por Valmar Oliveira (também autor da capa), menos “The Embodiment of Evil” e
“The Dark Cult”, onde José Mojica Marins (Coffin Joe) e Mariana “Slowdeath”
Wulff foram coautores, respectivamente.
O álbum de estreia do quarteto de Salvador
mais do que superou as expectativas depositadas sobre uma banda que está
começando. Fizeram um excelente e coeso trabalho que faz toda questão de ser
brutal, como exige a face Death do conjunto.
Prós:
Fusão coerente e natural entre Death e Thrash Metal. Boa produção, peso esmagador, sonoridade de bater cabeça do início ao fim.
Fusão coerente e natural entre Death e Thrash Metal. Boa produção, peso esmagador, sonoridade de bater cabeça do início ao fim.
Contras:
Estrutura de refrão repetitiva (uma palavra – uma frase), turbulência demais, prejudicando a assimilação e disco demasiadamente longo para a proposta. Poderia ser um pouco mais curto para evitar saturação.
Estrutura de refrão repetitiva (uma palavra – uma frase), turbulência demais, prejudicando a assimilação e disco demasiadamente longo para a proposta. Poderia ser um pouco mais curto para evitar saturação.
Publicado originalmente no site Roadie Metal.