Rattle -
Tales Of The Dark Cult
11 Faixas - Shinigami Records - 2015
Os baianos do RATTLE participaram em 2012 da Hellstouch Coletânea (leia resenha) da
gravadora Shinigami Records e foram os vencedores de uma votação feita pelo
público entre as doze bandas participantes. Como prêmio, a gravadora iria
editar e distribuir seu debut cd, cujo título é Tales Of The Dark Cult, que foi
gravado no Revolusom Studio em Salvador/BA por Marcos Franco ( que já trabalhou
com Confiteor, Malefactor e Behavior ), que também é responsável pela mixagem e
a masterização, que foram realizadas entre 2013 e 2014.
Na parte lírica, o
quarteto formado por Val Oliveira nos vocais, Henrique Coqueiro na guitarra,
Daniel Iannini no baixo e Eric Dias na bateria, criou para Tales Of The Dark
Cult letras inspiradas nos universos literários cinematográficos, de Hq´s de
Horror e Ficção Científica de nomes como José Mojica Marins ( o nosso Zé do
Caixão ), Stephen King, Stanley Kubrick, H. P. Lovercrat, Alan Moore, Sam
Raimi, Jack Kirby, Gene Roddenberry, Edgar Alan Poe, John Carpenter e tantos
outros.
Tanto a capa, que
presta uma homenagem aos quadrinhos da EC Comics destacando o sacrifício aos
grandes antigos ( como nas capas das histórias de H.P. Lovercrat ), quanto os
encartes foram criados e desenhados pelo vocalista Val Oliveira e inspirados
nas obras destes autores citados. Dito isso, vou aprofundar mais detalhadamente
nas onze canções de Tales Of The Dark Cult, que é aberto com The Embodiment Of
Evil, uma reverência ao personagem Zé do Caixão ( e participação do mesmo ) com
sua sombria narrativa inicial, que traz o feroz Death/Thrash Metal do quarteto
em riffs cortantes e intensos, que são somados a vocais de expressiva fúria e a
uma aniquilação oriundas da bateria e do baixo.
A segunda é The
End, onde após algumas eficientes evoluções instrumentais, os baianos partem
para um Thrash Metal rápido e dilacerante, que te convida a cantar seu refrão
com Val Oliveira ( que vocaliza com muita agressividade ) e a banguear
freneticamente durante sua execução técnica e cativante. Com versos típicos de
companhias militares quando em treinamento, Semper FI ataca com muita garra em
um andamento acelerado de riffs implacáveis na guitarra de Henrique Coqueiro e
com vocais raivosos, que te implicam a agitar em sua audição ( mesmo em sua
casa ). Confira também com atenção a destrutiva linha que o Rattle aplica mais
ao final da música e me fale senão estamos ou não diante de uma sonzeira.
Para Call Of Duty,
faixa inspirada na HQ Área de Segurança Gorazde de Joe Sacco ( sobre a Guerra
da Bósnia ), o quarteto nos envia uma matadora composição, que é daquelas para
martelar na cabeça e não deixar pedra sobre pedra. Confirme esta afirmação ao
perceber seus vigorosos riffs de guitarra feitos com primor por Henrique
Coqueiro ou os seus vocais guturais sempre flamejantes de Val Oliveira e do
convidado Anton Naberius do Eternal Sacrifice.
E o caos sem
fronteiras de Tales Of The Dark Cult prossegue espancando nossos ouvidos com
Operation: Exterminate!, onde a dupla da anterior ( Val Oliveira e Anton
Naberius ) cantam em um ambiente simplesmente ceifador com versos inspirados no
filme O Exterminador do Futuro. Entretanto, a banda surpreende com inversão de
andamento do Thrash para um Heavy Metal e no final que teve aqueles toques da trilha
conhecidíssima do filme ( passando a ideia de que os exterminadores estivessem
perambulando pela Terra ).
Depois temos
Whispers, que continua a desferir o violento ímpeto dos baianos em uma
velocidade impressionante, que produz no ouvinte uma imensa vontade de entrar
em um 'circle pit' ( ou roda se preferir ), graças à hecatombe sonora que somos
expostos, afinal, a combinação de vocais, solos de guitarras, baixo e bateria
desenfreados estão extremamente poderosos. Mas, o Rattle realiza uma guinada no
ritmo da canção e a torna mais sombria, antes de retomar com sua fúria
incontida. Com Last Standing Man, o Rattle 'fuzila' nossos ouvidos com os
brutais solos de guitarra feitos por Henrique Coqueiro em um ritmo colérico
inabalável e que não para em nenhum instante sequer, que liberam o vocalista
para despejar toda a agressividade que deseja mostrar em seus versos, enfim,
uma 'paulada' que nos conquista fácil.
Pay To Enter, Pray
To Exit também já foi título do filme de 1981 de Tobe Hooper ( para os
cinéfilos, ele é o mesmo diretor do O Massacre da Serra Elétrica ) e após a sua
sinistra introdução somos conduzidos aos competentes solos de Henrique Coqueiro
e aos vocais urrados de Val Oliveira produzindo outro momento marcante deste
Tales Of The Dark Cult, que te causa a ideia de migrar para a roda o quanto
antes e o Rattle volta a impressionar significativamente nas viradas de
andamento realizadas nesta canção, cortesia do competente eficaz baterista Eric
Dias e do baixista Daniel Iannini.
Com um diálogo que
traz a aura de suspense da próxima canção, a Hell Of The Living Dead, os
baianos nos exibem uma criação de estilo incansável em sua impactante linha
instrumental Old School, que é uma verdadeira avalanche sonora e cujos vocais
são divididos com maestria entre o convidado Júlio César ( Metropolis / The
Endless Fall ) e Val Oliveira e certamente ficarão na sua memória.
Promovendo um
interlúdio antes do fim, Insomnia ( The Sleep Of Reanson Produces Monsters )
conta com linhas orquestradas concebidas pelo excelente baixista Daniel Iannini
e pelo violinista Vítor Moares, que dão a sua obscura forma, que se liga a The
Dark Cult, que se apresenta mais cadenciada e com os vocais de Lord Vlad do
Malefactor junto a Val Oliveira elevando a categoria da canção. É gratificante
quando o Rattle proporciona algumas alterações no ritmo da música e solta seu
rolo compressor deixando mais veloz e mais esmagadora cada um de seus mais de
oito formidáveis minutos, com direito a riffs eletrizantes, bateria voraz e
baixo destroçador.
No release do cd
está escrito: "Tales Of The Dark Cult - peso, técnica e diversidade
lírica", bem após ouvir o álbum posso acrescentar seguramente: vontade,
garra, habilidade e capacidade em elaborar um dos melhores discos de
Thrash/Death Metal que tive a oportunidade de ouvir em 2015, que faço votos
para que você o conheça o quanto antes, que fatalmente você curtirá logo em sua
primeira audição.